UMA PROPOSTA DE REUTILIZAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS
Núcleo de Educação Infantil
Educação Física Escolar
E.M.E.I. "DEP. LAURO MONTEIRO DA CRUZ"
Diretora: Rosana Maria Reali Pozzi
Professor: Sérgio Domingos Fortunato Lopes
SÃO CARLOS/SP
2004
EDUCAÇÃO FÍSICA E MEIO AMBIENTE: "Uma proposta de reutilização de materiais recicláveis que teriam o destino o lixo, transformando-os em brinquedos"
Introdução
O presente trabalho apresenta alternativas de trabalhos pedagógicos junto aos alunos de educação infantil com o objetivo de relacionar às áreas de meio ambiente e educação física escolar.
Temos no nosso dia-a-dia o hábito de não importarmos com o destino do lixo que produzimos. Isso implica em uma poluição que afeta ou irá afetar a vida de todos, comprometendo o futuro da humanidade e de nosso planeta. Portanto, é urgente a alteração de nosso comportamento no manuseio do lixo como também nos preocuparmos com a sua reutilização.
A escola, com o seu papel transformador tem efetiva contribuição para que esses objetivos sejam alcançados.
Com esse comprometimento educacional propomos, por meio do desenvolvimento de um conjunto de atividades pedagógicas:
-conscientizar todos membros da comunidade escolar (aluno, professores e comunidade) sobre a Educação Ambiental;
-realizar a coleta seletiva do lixo, evitando que esses materiais tenham o seu destino os aterros sanitários, reciclando-os;
-através de materiais específicos reciclado, confeccionar brinquedos educativos para serem utilizados para à aprendizagem dos conteúdos da educação física escolar.
Algumas idéias sobre meio ambiente
O tema "Meio Ambiente" trata das questões relativas ao ambiente em que vivem os seres humanos e as demais espécies de nosso Planeta. Envolve não só os elementos físicos e biológicos mas também os modos como a humanidade interage com esses elementos, enquanto parte dessa natureza, através dos processos vitais, do trabalho, da ciência, da arte, da tecnologia.
Esse tema em especial trata da busca de caminhos pessoais e coletivos que levem ao estabelecimento de relações econômicas, sociais e culturais cada vez mais adequadas à promoção de uma boa qualidade de vida para todos, tanto no presente quanto no futuro. Isso exige profundas mudanças na visão, que ainda prevalece nesse final de milênio, sobre o que se chama de natureza e sobre as relações estabelecidas entre a sociedade humana e seu ambiente de vida.
A perspectiva ambiental consiste num modo de ver o mundo em que se evidenciam as inter-relações e a interdependência dos diversos elementos na constituição e manutenção da vida neste Planeta. Em termos de educação, essa perspectiva contribui para evidenciar a necessidade de um trabalho pedagógico vinculado aos princípios da dignidade do ser humano, da participação, co-responsabilidade, solidariedade, eqüidade. E a necessidade de se estender o respeito e o compromisso com a vida __ para além dos seres humanos __ a todos os seres vivos.
Tendo em vista esse compromisso de Educação, os Parâmetros Curriculares Nacionais - Meio Ambiente (1996) coloca dois pontos importantíssimo discutindo o meio ambiente na escola:
1. O trabalho com o tema Meio Ambiente no projeto educativo
O trabalho com o tema Meio Ambiente que se propõe deverá trazer uma visão ampla que inclua não só os elementos naturais do meio ambiente, mas também os elementos construídos e todos os aspectos sociais envolvidos na questão ambiental. Dentro dessa visão, o homem é um elemento a mais que, porém, tem extraordinária capacidade de atuar sobre o meio e modificá-lo __ o que pode, às vezes, voltar-se contra ele próprio.
Quando se fala em meio ambiente, a tendência é pensar nos inúmeros problemas que o mundo atual enfrenta com relação à questão ambiental. Poluição, desmatamentos, espécies em extinção e testes nucleares são, dentre outros, exemplos de situações lembradas. Isso se deve, principalmente, ao fato de a mídia veicular uma grande quantidade de informações sobre os problemas ambientais. Também o fato de todo o movimento ecológico ter-se articulado em função desses e de outros problemas ambientais leva à identificação de ‘meio ambiente’ com ‘problema ambiental’. No entanto, para que se possa compreender a gravidade desses problemas e vir a desenvolver valores e atitudes de respeito ao meio ambiente, é necessário que, antes de tudo, se saiba quais as qualidades deste ambiente, desta natureza que se quer defender.
Assim, o professor, além de chamar a atenção dos alunos para as inúmeras soluções lógicas, simples e engenhosas que as formas de vida encontram para sobreviver, inclusive para seus aspectos estéticos, poderá observar e valorizar as suas iniciativas que demonstram sua capacidade de se relacionar de modo criativo e construtivo com os elementos do meio ambiente. Isso acontece quando, por exemplo, a criança emprega alguns recursos disponíveis (materiais - naturais ou processados - alimentos, sucata, etc.) nas mais diversas circunstâncias __ desde "tirar música" de objetos e materiais que descobre no ambiente, até expressar sua emoção por meio da pintura, poesia, ou fabricar brinquedos com sucata ou ainda utilizar/inventar receitas para aproveitamento de sobras de alimentos. Além disso, o professor pode estimular os alunos valorizar às "obras" de seus colegas e respeitar os seus processos criativos, suas peculiaridades, suas raízes culturais, étnicas ou religiosas.
Também os elementos da cultura local, sua história e seus costumes irão determinar diferenças no trabalho com o tema Meio Ambiente em cada escola.
2. O papel da Comunidade escolar
Para que um trabalho com o tema Meio Ambiente possa atingir os objetivos a que se propõe, é necessário que toda a comunidade escolar (professores, funcionários, alunos e pais) assuma esses objetivos, pois eles se concretizarão em diversas ações que envolverão todos, tendo em vista a função de cada um. É desejável que a comunidade escolar possa refletir conjuntamente sobre o trabalho com o tema Meio Ambiente, sobre os objetivos que se pretende atingir e sobre as formas de se conseguir isso, esclarecendo o papel de cada um nessa tarefa. O convívio escolar é decisivo na aprendizagem de valores sociais e o ambiente escolar é o espaço de atuação mais imediato para os alunos. Assim, é preciso salientar a sua importância nesse trabalho.
A convivência democrática, a promoção de atividades que visem o bem-estar da comunidade escolar com a participação dos alunos é um dos fatores fundamentais na construção da identidade desses alunos como cidadãos. Assim, a grande tarefa da escola é proporcionar um ambiente escolar saudável e coerente com aquilo que ela pretende que seus alunos aprendam para que possa, de fato, contribuir para a formação de cidadãos conscientes de suas responsabilidades com o meio ambiente e capazes de atitudes de proteção e melhoria em relação a ele.
Por outro lado, cabe à escola também garantir meios para que os alunos possam pôr em prática sua capacidade de contribuição. O fornecimento das informações, a explicitação das regras e normas da escola, a promoção de atividades que possibilitem uma participação concreta dos alunos, são condições para a construção de um ambiente democrático.
Outro ponto importante a ser considerado, é a relação que a escola irá desenvolver com o ambiente no qual está inserida. A escola é uma instituição social com poder e possibilidade de intervenção na realidade. Assim, deve estar conectada com as questões mais amplas da sociedade, incorporando-as à sua prática. A participação da escola em movimentos amplos de defesa do meio ambiente, quando estiver relacionado aos objetivos colocados pela escola para o trabalho com o tema Meio Ambiente, deve ser incentivada. É também desejável que a escola possibilite a saída de seus alunos para passeios e visitas a locais de interesse dos trabalhos em Educação Ambiental. Assim, é importante que se faça um levantamento de locais como instituições, parques, empresas, unidades de conservação, serviços públicos, lugares históricos e centros culturais, e se estabeleça um contato para fins educativos.
O trabalho desenvolvido pelas universidades, instituições governamentais e organizações não governamentais (ONGs) na área ambiental é um valioso instrumento para o ensino e aprendizagem no tema Meio Ambiente. A relação com as instituições próximas à escola pode resultar em simples colaboração, ou em parcerias para a execução de ações conjuntas que serão relevantes para o trabalho proposto para este tema.
Preservando o meio ambiente: pensando em termos educacionais
A educação é uma parte do processo de socialização geral, isto é, o conjunto de interações conscientes e socialmente regulamentadas, nas quais o ser humano no seu processo de desenvolvimento, é qualificado a aprender maneiras culturais de vivência em uma sociedade e prosseguir no seu desenvolvimento e, neste processo de qualificação, tornar-se uma pessoa independente e responsável.
Assim, a educação no contexto da socialização geral, representa o campo organizado, planejado, sistematizado e intencional, pelo qual, na sociedade, agências sociais e instituições específicas como, por exemplo, a família, escola, fábrica, e outras são responsáveis pela construção do cotidiano.
O interesse desta educação não pode ser simplificado e colocado apenas como concepção individualizada, mas, deve ser claro o seu sentido histórico-social sem que para isso seja esquecido o aspecto individual. A educação, portanto, deve ser colocada na amplitude normativa que vai da auto-realização individual à sociedade.
Através da atuação na prática e da reflexão deve ser possibilitada ao educando uma compreensão do seu mundo e da realidade social, uma conscientização das possibilidades e conseqüências do seu agir, isto é, explicação e reflexão próprias, em vez da manipulação. Para isso, é necessário encarar os aprendizes com seriedade e como sujeitos que são capazes de atuar no seu mundo.
Neste sentido, a ação pedagógica deve ser realizada no horizonte de experiências da criança e do jovem para possibilitar-lhes amplos conhecimentos, escala de valores, modelos de ação, desenvolvendo, assim, a sua capacidade de atuar.
Em resumo, a educação tem por finalidade principal auxiliar o homem a edificar sua própria personalidade e integrar-se de maneira ativa e criadora no mundo em que vive. É um processo que se inicia com o nascimento da criança e se prolonga durante toda a existência.
Deve também haver uma preocupação com a educação integral do indivíduo valorizando o desenvolvimento físico, motor, cognitivo, sócio-afetivos, entre outros. Estes aspectos estão intimamente ligados ao conhecimento do próprio corpo, a organização corporal e orientação no espaço, ou seja, são aspectos que auxiliam o homem e ampliam suas possibilidades de adaptação ao mundo exterior.
A Educação para Cidadania: contribuições para a preservação do meio ambiente
Como se infere da visão aqui exposta, a principal função do trabalho pedagógico com o tema Meio Ambiente é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade sócio-ambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global. Para isso é necessário que, mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e a aprendizagem de habilidades e procedimentos. E esse é um grande desafio para a educação.
Entendendo a escola como espaço público e local onde a criança dará seqüência a seu processo de socialização, é fundamental o papel da escola na formação de uma cidadania responsável. O que nela se faz, se diz e se valoriza, representa para a criança um exemplo daquilo que a sociedade quer e aprova. Comportamentos "ambientalmente corretos" serão aprendidos na prática do dia-a-dia na escola, especialmente nas primeiras séries: gestos de solidariedade, hábitos de higiene pessoal e dos diversos ambientes, manuseio com seu lixo produzido podem ser exemplo disso.
Há outros componentes que vêm se juntar à escola nessa tarefa: a sociedade é responsável pelo processo como um todo, mas os padrões de comportamento da família e as informações veiculadas pela mídia exercem especial influência sobre as crianças.
No que se refere à área ambiental, as famílias em geral possuem pouca informação, já que esse assunto é bastante recente e, ainda hoje, poucos têm podido se aprofundar nessas questões. No entanto, há muitas informações, valores e procedimentos ligados à questão ambiental que são transmitidos à criança através do que se faz e se diz em casa. Esse conhecimento deverá ser trazido e incluído nos trabalhos da escola, para que se estabeleçam as relações entre esses dois universos no reconhecimento dos valores que se expressam através de comportamentos, técnicas, expressões artísticas e culturais.
O rádio, a TV e a imprensa, por outro lado, constituem a grande fonte de informações que a maioria das crianças e das famílias possui sobre o tema Meio Ambiente. Embora muitas vezes trate o assunto de forma superficial ou equivocada, a mídia vem dando bastante importância às questões ambientais. Notícias de TV e de rádio, de jornais e revistas, programas especiais tratando de questões relacionadas ao meio ambiente têm sido cada vez mais freqüentes. Paralelamente a isso, existe o discurso veiculado pelos mesmos meios de comunicação que propõe uma idéia de desenvolvimento que não raro conflita com a idéia de respeito ao meio ambiente. São propostos e estimulados valores insustentáveis de consumismo, desperdício, violência, egoísmo, desrespeito, preconceito, irresponsabilidade e tantos outros.
Com base nesses aspectos podem ser definidos os conteúdos a serem ensinados.É importante que a escola leve o aluno a perceber e integrar vários elementos, proporcionando-lhe a compreensão de que as diversas questões relativas ao meio ambiente como a situação do saneamento básico, a qualidade da água que se consome e do ar que se respira, o estado de preservação ou devastação de matas, as transformações da paisagem, as condições das habitações e qualidade de vida, enfim, são diferentes aspectos de uma mesma realidade ambiental, todas interligadas pela forma dominante de a humanidade conceber a vida e atuar no mundo. Essa forma de ver e atuar estão relacionados a valores sociais e a atitudes das pessoas diante da natureza, diante dos outros e diante de si próprias.
É importante, portanto, que o professor trabalhe no sentido de desenvolver, junto com os alunos, uma postura crítica frente à realidade, às informações e valores veiculados pela mídia e àqueles trazidos pelos próprios alunos. Para tanto, o professor precisa conhecer o assunto e, em geral, buscar junto com seus alunos mais informações em publicações ou com especialistas. Tal atitude, ao contrário de ser considerada falta de preparo do professor, representará maturidade de sua parte: temas da atualidade, em contínuo desenvolvimento, exigem uma permanente atualização; e fazê-lo junto com os alunos representa excelente ocasião de, simultaneamente e pela prática, desenvolver procedimentos elementares de pesquisa e sistematização da informação, medidas, considerações quantitativas, apresentação e discussão de resultados etc.
A Educação Física Escolar e seu papel transformador
A Educação Física Escolar têm como função pedagógica de integrar e introduzir o aluno no mundo da cultura física, formando o cidadão que vai usufruir, partilhar, produzir, reproduzir e transformar as formas culturais de atividade física na inter-relação com este mundo (BETTI, 1991).
"A inter-relação com este mundo" é a expressão fundamental para que a Educação Física tenha, não somente os objetivos voltados para o físico, mas como também a dinâmica relação de nosso corpo, com o do outro e com o nosso meio ambiente.
Em meados dos anos 80 tivemos no meio acadêmico, a grande discussão do "dualismo" da Educação física, desmistificando a idéia de que o trabalho desta profissão era apenas o corporal e não se preocupando com cognitivo.
O dualismo "corpo e a mente" não podem ser educados em etapas diferentes, o que exige um planejamento consciente do educador, onde este binômio esteja adequado e inserido no contexto educacional e social.
Acrescentamos nesse novo tempo a necessidade de evidenciarmos a totalidade do indivíduo, participante de um "mundo" globalizado e em constantes evoluções. Portanto estamos deixando a discussão do "dualismo corporal" para um "trialismo" (corpo, mente e meio ambiente).
Entendemos que a prática corporal deve estar ligada as suas necessidades motoras (habilidades, capacidades físicas, expressões motoras, etc) vivenciadas no meio esportivo como também ao seu meio ambiente.
Tendo a Educação Física comprometida nesses aspectos, a teremos realmente muito útil a sociedade, como assinala Carmo (1985),
"A Educação Física precisa ser uma atividade que consiga, através do lazer, dos jogos, e exercícios estar ligada ao trabalho útil, à produção real, isto é uma atividade socialmente útil. A atividade física não pode ser uma coisa estranha e externa a criança(p.42) ".
Carmo ainda ressalta que a Educação Física deve estar realmente voltada para a socialização, para o coletivo. Os novos interesses dos educandos devem ser respeitados, e que o trabalho deve ser adequado ao interesse e idade dos mesmos.
Com essa reflexão de socialização e coletivo é que todas as disciplinas, como também a Educação Física, têm urgência de refletir o Meio Ambiente e exercer um papel de transformação e de educação integral de todo indivíduo.
Para atingir este objetivo, no desenvolvimento desse projeto especificamente coube duas importantes tarefas à Educação Física Escolar:
1º ) resgatar e promover o cultivo de brincadeira de origem popular e,
2º ) promover a construção de brinquedos e jogos com material reciclável.
Com a realização das atividades pedagógicas propostas esperam-se que a Escola, alunos e professores terão condições de:
-melhorar o seu espaço físico;
-desenvolver as aulas com um conjunto maior de materiais compostos a partir de seu ambiente;
-atuar como agentes transformadores tendo em vista seu próprio processo educacional;
-propiciar melhores condições em seus momentos lúdicos envolvendo recreação e lazer;
-garantir as suas necessidades educativas e de lazer, em todas as disciplinas, como também em eventos festivos e culturais, decorando e criando materiais, em diversos momentos do ano letivo.
Melhorando o meio ambiente: algumas ações
Quando ouvimos falar sobre meio ambiente pensamos logo em florestas, campos e lugares que tenham plantas ou animais a serem preservados. A expressão meio ambiente, entretanto, pode indicar qualquer "espaço" em que um ser vive e se desenvolve.
Na interação e nas trocas de energia que se estabelece entre ser vivo e meio ambiente há transformação tanto do ser vivo como do meio ambiente. No caso do ser humano, além do espaço físico e biológico existe também o espaço sociocultural. Desse modo, pode-se considerar o local onde se mora, onde se trabalha ou se estuda como parte do meio ambiente.
Hoje em dia se fala muito sobre ecologia, mas poucas pessoas agem ecologicamente. Um dos grandes problemas ambientais da atualidade é o lixo. O homem colocando o lixo para lixeira, ou jogando-o em terrenos baldios, resolve o seu problema individual não se dando conta que as áreas de depósito de lixo das cidades estão cada vez mais escassas e que o lixo jogado nos terrenos baldios favorece o desenvolvimento de muitas doenças.
O artigo 225 da Constituição da Repúblico Federativa do Brasil de 1998 estabelece que: "Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações".
Mas o que é o Lixo?
Lixo é todo e qualquer resíduo sólido resultante das atividades humanas. No Brasil o lixo é composto na sua maior parte (60%) por restos de alimentos. Esse desperdício poderia ser evitado com o uso de embalagens adequadas e melhor manuseio. O lixo poder ser classificado como: domiciliar (resultante das atividades residenciais), comercial, hospitalar (resultante das atividades médicas e veterinárias), industrial, público (resultante da limpeza dos espaços públicos) e especial (resíduos volumosos, tóxicos e da construção civil).
O lixo pode ser, também, classificado de acordo com sua composição química em orgânico e inorgânico. Quando resultante de restos de ser animal ou vegetal o lixo é denominado orgânico e inorgânico quando resultante de material sem vida.
Com essa conscientização traçamos três pontos temáticos para o projeto:
O primeiro ponto a ser abordado é o que chamados de Educação Ecológica. Conscientizar o aluno sobre a problemática do lixo e as opções para amenizar e/ou solucionar os problemas ligados a ele. Para isso dispomos de material teórico, filmes educativos, palestras e visitas ao destino do lixo recolhido pela prefeitura e pela coleta seletiva.
-a coleta seletiva do lixo, evitando que esses materiais tenham o seu destino os aterros sanitários, reciclando-o;
-através de materiais específicos reciclado, confeccionar brinquedos educativos para serem utilizados para à aprendizagem dos conteúdos da educação física escolar.
O segundo ponto é a Classificação de Materiais.
Aqui entre em cena o chamado "materiais recicláveis ou de sucatas". Esses materiais vêm sendo utilizados por diversas áreas, principalmente na área da educação, por motivos tanto de ordem financeira quanto educacional.
A expressão sucata provoca algumas reações e mesmo surpresas em pessoas não familiarizadas com o ambiente escolar onde esses materiais são empregados.
Por sucata, não se quer dizer LIXO ou coisas jogadas fora, mas sim objetos que tiveram determinado uso e que, agora passam a ser matéria prima para serem transformados e adquirem novos significados. Como por exemplo podemos citar vidros, papel e seus derivados, câmaras de ar, cabo de vassoura, latas, pneus, garrafas plásticas e uma infinidade de outras coisas.
Segundo BORGES (1987) "a UNESCO recomenda a tecnologia popular (ou apropriada) como solução realista para a aula de educação física escolar em regiões pobres. A reutilização deste material deve ser uma proposta para todas as escolas, tantos as pobres como as que têm melhores condições financeiras, pois estarão beneficiando o nosso sistema ecológico".
Desenvolver o hábito de reaproveitar materiais, tornando-os não-poluentes e ao mesmo tempo úteis, de forma criativa no seu dia-a-dia, e de vital importância para o momento, como também para a educação de nossos escolares, visualizando preservar o futuro do nosso planeta.
Assim cada núcleo escolar deve fazer seu programa de Classificação de Materiais e seu planejamento na construção de brinquedos coligados com os objetivos da Educação Física Escolar.
O terceiro ponto a ser defendido é o de atribuir ao aluno a responsabilidade e condições de confeccionar e criar aparelhos, brinquedos, jogos, enfim, o seu próprio material. Acreditamos que assim é possível exercitar o seu raciocínio e a sua sensibilidade, alterar a visão estática do mundo capitalista, do "tudo industrializado", de que até para brincar é necessário da TV e alguns botões.
Esta proposta não é diferente da criação de brinquedos e jogos de nossos antepassados que, na sua "história de ser humano", lúdico na sua essência, sempre transformou a matéria prima/objetos para se divertir e brincar.
Outro aspecto a levar em consideração é a classificação e a análise dos brinquedos criados. Assim cada brinquedo será analisado por:
1)Segurança: de ser evitados objetos que ofereçam perigo de cortar, machucar, contundir ou intoxicar-se.
2)Adequação: um material ou uma atividade deve corresponder às habilidades da criança, a seus interesses e a seu nível de desenvolvimento.
3)Solidez: os objetos resistentes, sólidos, agradáveis de tocar e atraentes são os melhores. Devem-se evitar materiais muito frágeis e perecíveis.
4)Transmissão de Valores: as atividades e/ou brinquedos devem ser construídos imbuídos de significados e valores que transmitem o benefício de serem retirados do nosso meio ambiente.
5)Gratuidade: o brinquedo é a principal atividade de uma criança. Para ela, brincar não é um puro lazer ou perda de tempo. É uma atividade que dá sentido a sua vida, que a realiza e ajuda-a a se desenvolver.
O programa de coleta seletiva da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR)
Coleta Seletiva serve para organizar, de forma diferenciada, os resíduos que podem ser reciclados. É muito importante ao selecionar os materiais limpá-los para facilitar o seu manuseio.
Esta coleta pode ser entregue no Programa de Coleta Seletiva da UFSCAR que conta com parceira da Associação pra Proteção Ambiental de São Carlos.
O posto de entregue é na própria Universidade no LEV – Local de Entrega Voluntária. Outros postos de LEV na cidade são: Condomínio Ferrari, Parque Delta e o Bar e Mercearia São João (Dona Orlanda/Ricardo).
Este programa visa coletar o lixo e reciclá-lo evitando assim custos com o meio ambiente e renda gerada com a venda deste produto.
A coleta seletiva para reciclagem é uma ação importante para se preservar o ambiente. Para que dê resultados é preciso que toda a sociedade colabore e participe da construção de uma mudança de mentalidade e conseqüentemente de hábitos em relação à problemática do lixo. Tal conscientização não se dará de um dia para outro, mas através de um trabalho constante de Educação Ambiental que garanta o envolvimento e a participação de todos: a escola, a família, a comunidade e o Estado.
Os custos mais importantes evitados pela reciclagem de resíduos são muito difíceis, ou às vezes impossíveis, de serem contabilizados monetariamente. Alguns deles são:
-impacto causado aos rios pela exploração de areia na produção de vidro;
-poluição da água e do ar causadas pela produção de papel, vidro, metais e plásticos e o agravamento de diversas moléstias que isto provoca.
-impacto causado ao meio ambiente pela mineração de metais;
-esgotamento de recursos naturais no caso dos metais e dos plásticos;
PLANEJAMENTO INICIAL:
PROPONDO A CONSTRUÇÃO DE BRINQUEDOS
1º MÊS: RAQUETE e BOLINHA PARA JOGAR TÊNIS
Objetivos referentes à Educação Física Escolar:
Em linhas gerais pretende-se desenvolver nos alunos participantes:
- as habilidades de rebater e lançar;
- a coordenação motora fina ao confeccionar a raquete;
- as capacidades físicas como coordenação, agilidade, tonicidade e flexibilidade.
Material Reciclável:
-um cabide e uma meia de "nylon"
-fita crepe
Obs.: O professor deve destinar uma semana para adquirir o material, uma semana para confeccionar e duas semanas para explorar o brinquedo.
Sugestões de Atividades para a aula de Educação Física Escolar:
-parado, jogar a bolinha para o alto com a raquete;
-andando, jogar a bolinha para o alto com a raquete;
-jogar a bolinha para o amigo com a raquete;
-jogar a bolinha para vários amigos com a raquete;
-acertar um alvo;
-utilizar duas raquetes ao mesmo tempo com as variações anteriores, etc.
2º MÊS: "CONEBOLL"
Objetivos referentes à Educação Física Escolar:
Em linhas gerais pretende-se desenvolver nos alunos participantes:
-as habilidades de lançar, receber, andar, correr e rastejar;
-a coordenação motora fina ao confeccionar o "coneboll";
-as capacidades físicas como coordenação, agilidade, mira, tonicidade e flexibilidade.
Material Reciclável:
-garrafas plásticas tipo "Pets"
-fita crepe
-bolinhas de meia;
Obs.: O professor deve destinar uma semana para adquirir o material, uma semana para confeccionar e duas semanas para explorar o brinquedo.
Sugestões de Atividades para a aula de Educação Física Escolar:
-parado, andando, correndo e rastejando - jogar a bolinha para o alto e embocar com o "coneboll";
-andando, jogar a bolinha para o alto e embocar com o "coneboll";
-jogar a bolinha para o amigo com o coneboll;
-jogar a bolinha para vários amigos com o "coneboll";
-acertar um alvo com o "coneboll";
-utilizar dois "cones" ao mesmo tempo com as variações anteriores, etc.
-jogar a bolinha com o "coneboll"e deixar pingar e em seguida pegar novamente com o cone.
-Idem ao anterior executando em duplas, trios, etc.
3º MÊS: VAI-E-VEM E DIABOLÔ
Objetivos referentes à Educação Física Escolar:
Em linhas gerais pretende-se desenvolver nos alunos participantes:
-as habilidades de lançar e receber;
-a coordenação motora fina ao confeccionar o vai-e-vem e o diabolô";
-as capacidades físicas como coordenação, agilidade, tonicidade, equilíbrio e flexibilidade.
Material Reciclável:
-garrafas plásticas tipo "Pets"
-fita crepe
-barbante
-corda de nylon para varal;
-mangueira de chuveiro
Obs.: O professor deve destinar uma semana para adquirir o material, uma semana para confeccionar e duas semanas para explorar o brinquedo.
Sugestões de Atividades para a aula de Educação Física Escolar:
-parado e andando - jogar o vai-e-vem para o colega;
-produzir as diversas tonalidades de sons que o diabolô pode executar;
-jogar o diabolô para o alto, para os lados, etc e voltar a pega-ló;
-jogar o diabolô para o colega e vice-versa;
-Idem ao anterior executando em duplas, trios, etc.
Avaliação
Ao término dos três planos de aula será avaliado o desenvolvimento neste período como também propostos novos procedimentos e brinquedos para os meses seguintes.
A avaliação do aluno será com o sistema "portifólio" isto é por meio do registro da trajetória de aprendizagem do aluno.
Desta forma, todas as etapas do Processo de Aprendizagem será avaliada e não somente o produto final.
Bibliografia
BETTI, Mauro. Educação Física e sociedade. São Paulo: Movimento,1991.
CARMO, Apolonio Abadio do. Educação Física competência técnica e consciência política em busca de um movimento simétrico. Uberlândia, Universidade Federal de Uberlândia, 1985.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. 11 ed. Petrópolis: Vozes, 1994.
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 1993.
MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lazer e humanização. Campinas - SP, Papirus, 1983.
MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lazer e educação. Campinas - SP, Papirus, 1990.
MARCELLINO, Nelson Carvalho. Pedagogia da animação. Campinas: Papirus, 1990.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA - Secretária do Ensino Fundamental - Parâmetros Curriculares Nacionais - Convívio e Étiva e Meio Ambiente, versão agosto, 1996.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Agenda 21. da Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Rio de Janeiro, 1992.
REIGOTA, M. O Que é Educação Ambiental. São Paulo, Brasiliense, 1994. (Coleção Primeiros Passos).
Arquivos
Vídeo sobre raquete de tênis – 7,662 K